Linguística

Significado lexical

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MATOS, E. E. S. LUDI: um framework para desambiguação lexical com base no enriquecimento da semântica de frames. 200 p. Tese (Doutorado), Universidade Federal de Juiz de Fora, 2014.

Como as palavras significam alguma coisa? Ou, dito de outra forma, como compreendemos o significado das palavras? Para a maioria das pessoas (ou pelo menos para a maioria que não é linguista) esta parece ser uma questão trivial, e falar em uma Teoria do Significado Lexical parece sem propósito. Afinal, um [gato] é um gato. Um [livro] é um livro. O que mais há para dizer sobre isso?

Na realidade, há muita coisa. Principalmente depois das pesquisas de linguistas como Charles Fillmore, George Lakoff, James Pustejovsky, entre muitos outros, e de implementações de léxicos computacionais como a Wordnet (FELLBAUM, 1998) e a FrameNet, e ontologias como a DOLCE (MASOLO et al., 2003). Todos estes trabalhos nos dão uma descrição muito sugestiva, como diz Asher (2011), do que as palavras realmente significam. Longe de terem um significado relativamente bem comportado e estável (embora as vezes se apresentem assim), as palavras são “proteanas” (EVANS, 2009, p. xi). Ou seja, elas podem mudar seu significado nos diferentes contextos de uso. Este é, claro, um grande desafio quando se pretende construir alguma teoria de compreensão da linguagem.

Não apenas isto, mas (um fato reconhecido facilmente, mas pouco compreendido ainda) quando os significados de duas palavras diferentes são combinados, o significado resultante pode ser diferente da simples “soma” dos significados das duas palavras. A ideia que os significados das palavras, ou mais propriamente o resultado da interação semântica entre as palavras, vai mudar, dependendo de outros elementos na predicação ou
dependendo do contexto do discurso é um tanto óbvia. No entanto, este é um campo de pesquisa aberto na Linguística, e é também um dos temas desta pesquisa.

A abordagem adotada aqui, dado o viés computacional, se enquadra no campo daquelas que usam uma representação intermediária entre a língua natural e o seu uso, para especificar o significado. A palavra, ou mais corretamente uma entrada lexical em dado léxico, deve então especificar (ou estar submetida a) algum tipo de estrutura que permita, quando combinada com outras palavras em uma sentença bem formada, gerar
uma representação que possa ser “interpretada” . Embora Asher (2011, p. 7) chame esta representação de forma lógica, vamos evitar esta expressão uma vez que ela está associada, no campo da semântica formal, à representação da sentença usando algum tipo de fórmula baseada em Lógica. A geração desta representação, a partir de uma sentença fornecida em língua natural, é um dos processos básicos do PLN. Neste trabalho, a estruturação das palavras estará baseada na Teoria do Léxico Gerativo.