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Abaixo, algumas tentativas de minha autoria, reunidas aqui.
da janela do carro
bois passeiam no pasto
estando imóveis
finados: nuvens cúmulus
desaguam sobre os túmulos
sobre flores trêmulas
outra meia-noite
na permanente mudança
os mesmos ponteiros
A chuva de verão
reaproxima os homens
sob as marquises
manhã de garoa.
debaixo de um flamboyan
pingos bem maiores.
terminando o dia
o jardineiro amontoa
lixo e folhas verdes
esquentou de novo –
no bueiro, cruza a mesma
barata de ontem
pancada de chuva –
morre a árvore no asfalto
com folhas tão verdes
o velho na janela
puxa a cortina e suspira –
manhã de inverno
chuva de inverno –
nenhuma árvore da praça
serve de proteção
longa noite de inverno
um zunido de mosquito
já seria muito
na lua de outono
meu filho mostra figuras
que eu não via há tempos
na banca de frutas
o supermercado oferta
qualquer estação
chuva de verão —
o relâmpago na sala
ilumina e vai
céu somente azul
com esse calor mesmo as nuvens
procuram a sombra
nem tarde nem noite –
entre dois prédios se vê
meia lua cheia
o pardal errante
se sente preso na sala
– e eu, que nem vôo?
canto da cigarra
em cada canto da casa
silêncio da noite
hora de verão
displicentemente o galo
canta com atraso
dia de finados –
os túmulos vazios se enchem
de lembranças
dia de finados –
os cemitérios estão cheios
de gente viva
dia de finados –
serão também imortais
as flores de plástico?
dia dos mortos –
sobre os túmulos, a grama
continua crescendo